Enquanto eu tomo banho eu penso na pauta do dia no trabalho. Enquanto eu tomo meu leite frio com Nescafé eu estendo as roupas no varal e preparo um sanduíche só de queijo. Enquanto eu dirijo eu penso nas coisas que eu preciso fazer e em como vou arrumar tempo pra isso. Enquanto eu escovo os dentes eu faço xixi, penteio o cabelo e escolho o que vestir. Enquanto eu faço compras no supermercado eu ligo pra um amigo que não vejo há tempo, faço mentalmente a lista do que preciso colocar na mala pra viagem do final de semana e lembro que preciso sacar dinheiro no banco pra pagar a faxineira. Enquanto eu assisto a novela das 8 na TV eu leio meus e-mails pessoais, acesso alguns blogs que me interessam e penso que eu preciso ligar pra minha tia que está de aniversário. Enquanto eu aqueço a papinha pra janta no microondas eu pago as contas do mês. Enquanto eu levanto 3KG em cada braço na aula de ginástica eu lembro que preciso marcar horário na manicure e penso no que vou dar de presente pro meu namorado no dia do aniversário dele.
Enquanto eu faço tudo ao mesmo tempo agora eu esqueço de viver.
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Nem mal começou o inverno e eu ja to cheia das minhas roupas. Todo o meu guarda-roupa para o frio é cinza e preto. A sensação que eu tenho é que há dias eu ando com a mesma roupa. Não bastam os dias cinzentos la fora e a gente também tem que se vestir como se tivesse de luto. Eu de fato fico de luto no inverno mesmo, sofro a perda dos dias quentes e ensolarados do verão onde um vestidinho lotado de flores bem coloridas é o suficiente pra cobrir o corpo. Morrerei sem jamais entender como tem gente que gosta do inverno, que acha charmoso andar de gola alta (argh!), casaco pesado e botas.
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Depois de período de estacionamento pessoal pra poder arrumar as bagagens no porta-malas, a minha vida agora parece que engatou a marcha e vai de novo andar em frente. Tô feliz e animada com as novas perspectivas, a paisagem pelo caminho parece ser surpreendente.
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Todo o dia é a mesma coisa: a vizinha chega tarde e se pendura no telefone pra bater papo furado com as migas, como ela chama. E eu escuto tudo, todo o papinho idiota sobre a vida alheia. E ela tem uma rotina de ligações, é sempre para as mesmas pessoas que ela liga diariamente, every fucking day. E aí ela conta todos os detalhes do seu dia, ela dá conselhos amorosos, ela fala do marido, dos sobrinhos e do que ela vai fazer no final de semana. Eu escuto as mesmas histórias no mínimo umas 3 vezes. Um dia eu gostaria de ter um acesso de fúria no melhor estilo Michael Douglas no filme Um dia de Fúria. E nesse dia de glória eu gostaria de deformar a cara da vizinha a golpes de telefone. No fim, pra garantir que eu nunca mais escutaria as histórias enfadonhas que ela conta, eu enfocaria ela com o fio do telefone. Sorte a da vizinha é que eu vou me mudar bem brevemente.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
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