quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tudo ao mesmo tempo agora

Enquanto eu tomo banho eu penso na pauta do dia no trabalho. Enquanto eu tomo meu leite frio com Nescafé eu estendo as roupas no varal e preparo um sanduíche só de queijo. Enquanto eu dirijo eu penso nas coisas que eu preciso fazer e em como vou arrumar tempo pra isso. Enquanto eu escovo os dentes eu faço xixi, penteio o cabelo e escolho o que vestir. Enquanto eu faço compras no supermercado eu ligo pra um amigo que não vejo há tempo, faço mentalmente a lista do que preciso colocar na mala pra viagem do final de semana e lembro que preciso sacar dinheiro no banco pra pagar a faxineira. Enquanto eu assisto a novela das 8 na TV eu leio meus e-mails pessoais, acesso alguns blogs que me interessam e penso que eu preciso ligar pra minha tia que está de aniversário. Enquanto eu aqueço a papinha pra janta no microondas eu pago as contas do mês. Enquanto eu levanto 3KG em cada braço na aula de ginástica eu lembro que preciso marcar horário na manicure e penso no que vou dar de presente pro meu namorado no dia do aniversário dele.
Enquanto eu faço tudo ao mesmo tempo agora eu esqueço de viver.

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Nem mal começou o inverno e eu ja to cheia das minhas roupas. Todo o meu guarda-roupa para o frio é cinza e preto. A sensação que eu tenho é que há dias eu ando com a mesma roupa. Não bastam os dias cinzentos la fora e a gente também tem que se vestir como se tivesse de luto. Eu de fato fico de luto no inverno mesmo, sofro a perda dos dias quentes e ensolarados do verão onde um vestidinho lotado de flores bem coloridas é o suficiente pra cobrir o corpo. Morrerei sem jamais entender como tem gente que gosta do inverno, que acha charmoso andar de gola alta (argh!), casaco pesado e botas.

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Depois de período de estacionamento pessoal pra poder arrumar as bagagens no porta-malas, a minha vida agora parece que engatou a marcha e vai de novo andar em frente. Tô feliz e animada com as novas perspectivas, a paisagem pelo caminho parece ser surpreendente.

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Todo o dia é a mesma coisa: a vizinha chega tarde e se pendura no telefone pra bater papo furado com as migas, como ela chama. E eu escuto tudo, todo o papinho idiota sobre a vida alheia. E ela tem uma rotina de ligações, é sempre para as mesmas pessoas que ela liga diariamente, every fucking day. E aí ela conta todos os detalhes do seu dia, ela dá conselhos amorosos, ela fala do marido, dos sobrinhos e do que ela vai fazer no final de semana. Eu escuto as mesmas histórias no mínimo umas 3 vezes. Um dia eu gostaria de ter um acesso de fúria no melhor estilo Michael Douglas no filme Um dia de Fúria. E nesse dia de glória eu gostaria de deformar a cara da vizinha a golpes de telefone. No fim, pra garantir que eu nunca mais escutaria as histórias enfadonhas que ela conta, eu enfocaria ela com o fio do telefone. Sorte a da vizinha é que eu vou me mudar bem brevemente.

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