sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Os infernais e Nando Reis ou Não vou me adaptar

Ontem a noite durante um show do Nando Reis num Opinião mais do que lotado, realizei que eu tô ficando velha. E constatei o fato por 2 motivos, mas não pensem que eu fiquei deprimida por causa disso e me entupi de cremes anti idade quando cheguei em casa à 1h da manhã. Pelo contrário. Envelhecer, mais do que ganhar rugas, significa ganhar critério, experiência, noção.
Então, eis os motivos que me fizeram constatar que eu tô mesmo ficando velha:
1. Na época em que eu era frequentadora assídua de shows em lugares fechados e apertados e em que não havia lugar pra sentar, não lembro de ter ido à algum espetáculo usando salto agulha e alto. Lugares assim e salto alto não combinam. É como usar um biquini pra ir trabalhar num escritório de advocacia. Lugar errado, sapato idem. E ontem, num Opinião que bombava de gente e onde era impossível se mexer, a quantidade de mulheres de salto altíssimo e fino era impressionante. Não to exagerando. Noção zero pra mulherada e conforto na mesma escala. O que isso tem a ver com ficar velha? Velhos não usam salto agulha, exceto em locais e ocasiões adequadas.
2. Show em lugar fechado e pequeno, onde não há lugar para sentar, não me pega nunca mais. No Brasil então, menos ainda. Porque não basta ficar em pé enlatada feito sardinha, ainda temos que contar com o atraso das coisas. O show de ontem estava marcado pras 23h, porém, o Nando Reis só subiu ao palco quando passava da meia-noite. Nem é uma questão de saúde, é uma questão de saco ficar em pé horas e horas a fio sem poder se mexer. Não tenho mais saco pra isso definitivamente.
Aproveitando que o post é um desabafo sobre o show de ontem, preciso comentar que o Opinião é uma merda de lugar, com uma acústica lamentável. Se eu fosse música, nunca iria tocar no Opinião.

"...Eu não tenho mais a cara que eu tinha, no espelho essa cara ja não é minha..."

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

All in one

Resolvi voltar a escrever aqui no blog, tava sentindo falta de expressar meus pensamentos com mais de 140 caracteres. Então, pra inaugurar este retorno de Jedi, vou mandar um post all in one daquilo que vem passando na minha cabecinha nesses últimos tempos.

As mulheres estão ficando chatas, insuportáveis no que tange os seus relacionamentos amorosos. Deve ser por isso que o número de homens gays tem crescido. Pudera, é melhor namorar alguém do mesmo sexo do que alguma mala do sexo oposto. Canso de ouvir nos banheiros da vida histórias de mulheres que são ciumentas ao extremo, que vasculham a vida dos namorados e maridos, que os proibem de jogar futebol, tomar cerveja com os amigos e até mesmo dar uma carona totalmente inocente pra colegas de trabalho. Ja ouvi até história de mulher surtada por causa de uma MALA-DIRETA. Sim, senhoras e senhores, tem mesmo muita gente louca nesse mundo. E quando eu ouço essas histórias escabrosas, eu me pergunto: pra que tudo isso? Pra evitar de serem traídas? Trocadas? Amigas, eu lamento muito assoprar o castelinho de conto de fadas que vocês criaram, mas isso não vai evitar que vocês tenham a cabeça enfeitada por um lindo par de chifres. Desistam e levem a vida mais levemente. Desencanem e deixem de encher o saco dos namorados, maridos e afins. Só duas coisas são certas nessa vida: o chifre e a morte. Tentar evitar o inevitável é perda de tempo e dá rugas.

Ao mesmo tempo que eu digo que as mulheres estão paranóicas em relação aos seus relacionamentos, eu vejo que os homens se submetem à essas sessões de tortura praticadas por suas namoradas, esposas e afins. Eles reclamam, mas no fundo eles gostam de ser tratados assim. Vide o número absurdamente alto de mulheres “loucas” casadas X o número absurdamente alto de mulheres “legais” solteiras. Acho que isso tem alguma coisa a ver com a maneira como eram tratados pelas mães, sempre sob voz de comando. Eu não entendo a paranóia das mulheres e a submissão dos homens. É por isso que eu tenho a impressão de que ficarei solteira pra todo o sempre.

Sabe, eu tenho admiração por essas pessoas materialmente desprendidas que conseguem viver e sobreviver nesse mundo tão materialista, onde mais é mais. Admiro pessoas que largam toda a parafernália tecnológica e moderna que tinham nas grandes cidades pra viver na beira de uma praia ou no meio do mato. Quando eu viajo de carro eu gosto de olhar as casas que ficam à beira da estrada e gosto de imaginar como vivem aquelas pessoas que moram ali. Será que elas são mais felizes que eu? Será que elas conseguem achar felicidade longe da internet, dos 200 canais da TV por assinatura, dos bons restaurantes e das baladas? Como será que elas passam os seus dias sem ter que enfrentar um trânsito caótico, sem ter que conciliar a agenda com os 50 compromissos diários? Tenho curiosidade em saber.

Nutro também uma admiração e uma pontinha de inveja por aquelas pessoas que simplesmente largam tudo, colocam meia dúzia de roupas numa mochila e se largam mundo afora para um período sabático. Como é que elas sobrevivem? Como pagam as contas e o que pensam do futuro? E quando o período sabático terminar, o que elas vão fazer? De onde elas tiram dinheiro e coragem pra se lançar assim, rumo ao desconhecido?

Eu aprendi na pele que na vida da gente tudo passa, tudo é superável, até mesmo aquilo que a gente acha que jamais vai conseguir suportar. No olho do furacão de fato é difícil achar uma saída, uma pontinha de luz. Mas furacões não são eternos. Porém as lembranças ficam eternamente gravadas na memória como uma tatuagem,

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tudo ao mesmo tempo agora

Enquanto eu tomo banho eu penso na pauta do dia no trabalho. Enquanto eu tomo meu leite frio com Nescafé eu estendo as roupas no varal e preparo um sanduíche só de queijo. Enquanto eu dirijo eu penso nas coisas que eu preciso fazer e em como vou arrumar tempo pra isso. Enquanto eu escovo os dentes eu faço xixi, penteio o cabelo e escolho o que vestir. Enquanto eu faço compras no supermercado eu ligo pra um amigo que não vejo há tempo, faço mentalmente a lista do que preciso colocar na mala pra viagem do final de semana e lembro que preciso sacar dinheiro no banco pra pagar a faxineira. Enquanto eu assisto a novela das 8 na TV eu leio meus e-mails pessoais, acesso alguns blogs que me interessam e penso que eu preciso ligar pra minha tia que está de aniversário. Enquanto eu aqueço a papinha pra janta no microondas eu pago as contas do mês. Enquanto eu levanto 3KG em cada braço na aula de ginástica eu lembro que preciso marcar horário na manicure e penso no que vou dar de presente pro meu namorado no dia do aniversário dele.
Enquanto eu faço tudo ao mesmo tempo agora eu esqueço de viver.

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Nem mal começou o inverno e eu ja to cheia das minhas roupas. Todo o meu guarda-roupa para o frio é cinza e preto. A sensação que eu tenho é que há dias eu ando com a mesma roupa. Não bastam os dias cinzentos la fora e a gente também tem que se vestir como se tivesse de luto. Eu de fato fico de luto no inverno mesmo, sofro a perda dos dias quentes e ensolarados do verão onde um vestidinho lotado de flores bem coloridas é o suficiente pra cobrir o corpo. Morrerei sem jamais entender como tem gente que gosta do inverno, que acha charmoso andar de gola alta (argh!), casaco pesado e botas.

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Depois de período de estacionamento pessoal pra poder arrumar as bagagens no porta-malas, a minha vida agora parece que engatou a marcha e vai de novo andar em frente. Tô feliz e animada com as novas perspectivas, a paisagem pelo caminho parece ser surpreendente.

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Todo o dia é a mesma coisa: a vizinha chega tarde e se pendura no telefone pra bater papo furado com as migas, como ela chama. E eu escuto tudo, todo o papinho idiota sobre a vida alheia. E ela tem uma rotina de ligações, é sempre para as mesmas pessoas que ela liga diariamente, every fucking day. E aí ela conta todos os detalhes do seu dia, ela dá conselhos amorosos, ela fala do marido, dos sobrinhos e do que ela vai fazer no final de semana. Eu escuto as mesmas histórias no mínimo umas 3 vezes. Um dia eu gostaria de ter um acesso de fúria no melhor estilo Michael Douglas no filme Um dia de Fúria. E nesse dia de glória eu gostaria de deformar a cara da vizinha a golpes de telefone. No fim, pra garantir que eu nunca mais escutaria as histórias enfadonhas que ela conta, eu enfocaria ela com o fio do telefone. Sorte a da vizinha é que eu vou me mudar bem brevemente.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pensando alto


Não sou mãe ainda e to longe de ser, embora tenha vontade. E mesmo tendo uma mãe maravilhosa como a que eu tenho, não me sinto tocada por propagandas de dia das mães. Assim como os comerciais de cerveja, são todos iguais e utilizam uma fórmula já saturada. Mas fui surpreendida pelo filme das Lojas Renner que homenageia este ano justamente aquelas que ainda não são mães como eu, mas que também não deixa de se curvar à todas aquelas que ja tiveram o privilégio da maternidade. Assistam clicando aqui e entenderão do que eu to falando. Á propósito, este filme tem a cara da mãe, Magali Moraes, uma mulher linda, uma mãe mega zelosa e uma profissional de mão cheia de quem me orgulho de um dia ter sido colega e que hoje considero uma amiga.
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Meu cabelo ta doente. Tá podre. Seco, feio, volumoso, indisciplinado. E isso que eu trato, faço hidratação com os melhores e mais caros produtos do mercado a cada 15 dias. Corto as pontas a cada 3 meses. Não abuso do secador e da chapinha. Não uso shampoo de supermercado, só mportado e vendido em salão de cabeleireiro. Mas nada disso resolve. Alguma solução que não seja rapar totalmente a porra da cabeça?
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Não sou muito chegada no comportamento de massa. Quero dizer que prefiro ir na contramão do que todo mundo ta fazendo,usando, dizendo, vendo e ouvindo do que ser mais uma ovelhinha seguindo o rebanho, que mal sabe pra onde vai. Tá todo mundo dançando o Rebolation? Ótimo, taí um excelente motivo pra não me fazer dançar. Tá todo mundo usando calça boyfriend? Perfeito, vou seguir usando skinny então. Então quando eu leio em alguma revista ou site a expressão “must have” tenho vontade absurda de dar na cara de quem ta escrevendo. Aí mesmo é que eu perco totalmente a vontade de ter. Prefiro ser rotulada de “do contra” do que ser mais uma Maria vai com as outras. Pelo menos eu tenho personalidade e opinião própria.
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Alice no País das Maravilhas nem estreou nos cimemas ainda e ja perdi 50% da vontade de ver o filme. Sério. Agora tudo é inspirado em Alice no Pais das Maravilhas, desde festas descoladas em inferninhos de Porto Alegre, passando pela moda (isso era óbvio) e terminando em decoração de interiores. Semana passada ganhei 2 revistas femininas de uma editora e nas duas havia editoriais de moda inspirados adivinha em que? Alice no Pais das Maravilhas. Tudo bem que o filme deva ser sensacional (embora haja controvérsias), que o auê em torno da estréia seja absurdo, mas até fazer Alice, o coelho, a rainha de copas e o chapeleiro maluco virarem o centro do universo já é um pouco demais. Nem mesmo começaram as filas pra comprar ingresso pra assisitr o filme e o tema ja ta saturado. Criatividade, meu povo, personalidade, minha gente! Bora deixar a Alice manjada de lado e dar uma chance pra Rapunzel ou pra Bela Adormecida.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A perfect body with a perfect brain

Caras leitoras, queridas amigas, tenho uma notícia um tanto quanto desagradável pra passar pra vocês: a mulher perfeita, aquela que todas nós sonhamos ser um dia e que infelizmente não conseguimos ser por N razões, existe. Ela não só existe como trabalha comigo. Não, não é piada e nem sarcasmo pra falar mal de alguma colega sem noção que se acha a bala que matou Kennedy. É fato. A mulher perfeita existe mesmo.
Ela tem mais ou menos 1,65m de altura. É morena. O nariz é simetricamente pequeno e levemente arrebitado, além de ser proporcional ao resto do rosto. O cabelo é comprido e mega liso, mas não pensem que é artificial. A desgraçada é naturalmente lisa, ela não precisou de nenhuma escova progressiva, inteligente, marroquina, japonesa ou coisa do gênero. E óbvio que como toda lisa ela tem uma franjinha. Ela não tem rugas e é jovem. Mas o pior vem agora: ela é gostosa, daquele tipo que nossos maridos, namorados, pais, filhos e avôs entortariam o pescoço pra sempre se vissem passar na rua. Os peitos são do tamanho certo, nem grandes demais que fiquem desproporcionais ao corpo mignon, e nem pequenos que não divirtam ninguém. A bunda é arrebitada, mas não o suficiente pra transformá-la numa tanajura. Ela é naturalmente bronzeada na medida certa. Ela se veste bem e usa salto fino e alto diariamente. Ela sabe se maquiar e inclusive vem trabalhar usando delineador. O tiro de misericórdia vem agora: ela dirige um Kia Soul e trabalha na área de finanças (antes disso ela trabalhava numa grande empresa negociando ações). Ta respirando ainda?
Eu sei que deve estar soando estranho uma mulher escrever sobre outra mulher sem ser para detonar e/ou falar mal e sem ser lésbica (lamber carpete está longe de ser minha opção sexual), mas preciso admitir publicamente o fato. Depois de assumir e escrever que uma outra mulher é eu poderia escrever um texto tipo aquele que o Luis Fernando Veríssimo brilhantemente escreveu sobre o George Clooney, descrevendo os defeitos que ele não tem. Mas não vou fazer isso porque não seria tão criativa e ia soar patético. Ao invés disso, prefiro aceitar o fato de que a mulher perfeita existe e não sou eu.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A noiva cadáver e outras histórias

O pior pra uma mulher que ainda não casou, além dos olhares alheios de espanto, é a hora em que a noiva resolve jogar o maldito buquê na festa de casamento. Putaquemepariu! Coisa irritante são as pessoas que ficam nos empurrando literalmente pra protagonizar aquela cena ridícula e inaceitável de se jogar no chão pra pegar um buquê, acreditando que ao fazer isso, seus dias de solteirona estarão contados. Eu sempre sumo nas festas de casamento quando esse momento lamentável se apresenta. Prefiro padecer pra sempre no cemitério das baleias encalhadas à perder a classe disputando migalhas de flor com outras fulanas no meio de um salão lotado. Deus que me livre desse episódio infame! Amigas solteiras que me lêem, fiquem certas de uma coisa: se um dia eu casar na pompa e circunstância, prometo livrá-las dessa ceninha constrangedora e não jogar buquê, ta?

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Aliás, falando em festa de casamento, tenho ido à muitas nos últimos tempos. Sinal de que a vida ta andando e daqui a pouco será o momento de ir nas festinhas de 1 aninho dos filhos dos meus amigos.

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Eu sempre olhei pra minha vida e nunca me arrependi das coisas que fiz e das que deixei de fazer. Sempre tive a sensação de ter feito a coisa certa e sempre disse que faria tudo de novo se fosse preciso. De uns tempos pra cá essa certeza virou uma dúvida insuportável e eu me acho velha demais, no alto dos meus 33 anos, pra recomeçar e fazer tudo diferente. É possível trocar a rota em pleno vôo e mesmo assim não desperdiçar combustível e nem perder tempo demais na viagem?

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Pessoas constantemente inseguras e carentes são também constantemente chatas e insuportáveis.

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Silêncio. Taí uma coisa que anda fazendo falta nesse mundo.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Should I stay or should I go?

Não precisa nem abrir o jornal local ou acessar os portais de notícia: a violência e a criminalidade estão escancaradas na cara da gente diariamente em Porto Alegre. Basta abrir a janela do carro, a porta de casa ou dar uma volta pelo quarteirão pra ver cenas chocantes de miséria, drogadição, assaltos, assassinatos. Tudo isso já virou paisagem pra quem vive na cidade, faz parte do cenário urbano.
O Brasil está num excelente momento econômico, o dinheiro voltou a circular aqui dentro, as classes baixas agora têm acesso ao crédito e podem finalmente, realizar seus sonhos de consumo. O mundo todo está de olho em nós. Porém, o país nunca esteve tão carente de segurança pública, de políticas educacionais e sociais mais intensas. Sobra dinheiro e falta tranqüilidade pra quem vive aqui.
Pois eu tive o privilégio de ganhar há alguns anos uma cidadania italiana, que me rendeu um passaporte vermelho da comunidade européia. Eu posso entrar e sair do Velho Continente como se tivesse nascido lá, não preciso enfrentar as longas filas da imigração e nem ficar dando explicações pra ninguém. Posso me dar ao luxo de comprar uma passagem só de ida se esta for a minha vontade. E confesso que vendo todos os absurdos, todas as violências, toda a degradação humana que eu vejo diariamente nessa cidade, nesse país, me sinto fortemente tentada em tirar o passaporte da gaveta, vender a mobília e comprar a tão sonhada passagem só de ida pra algum país da Europa pra poder viver com o mínimo de paz. Por quê de que adianta ter acesso à crédito e não poder freqüentar um parque num domingo de sol sem se sentir num filme de faroeste, com tiro rolando de um lado pro outro? De que adianta ter facilidade em adquirir uma casa própria, se é necessário enchê-la de grade, alarme, cerca elétrica, cão de guarda e segurança privada pra poder dormir minimamente sossegado? De que adianta financiar em 36 meses o tão desejado carro zero quilômetro, se na próxima esquina um vagabundo vai te enfiar um cano de revólver na cara e levar o teu automóvel? Isso tudo pra não citar aqueles outros vagabundos que a gente elege e que depois na cara dura, roubam o nosso tão suado dinheiro pra esconder nas cuecas ou nas meias.
Eu não sei se o meu plano de vida A vai dar certo e por enquanto estou apostando nele porque acho que vale a pena. Mas ao menor sinal de que a maionese vai desandar, coloco meu plano B de ir embora daqui em prática. O passaporte já está pronto, falta só a passagem de ida.

terça-feira, 2 de março de 2010

Pra viajar no cosmos não precisa gasolina

Adquiri um novo vício nessas noites lindas e frescas de lua cheia que tem feito em Porto Alegre: pego minha cadeira de praia, coloco na sacadinha do meu apartamento, apago todas as luzes da sala, desligo a TV, ligo o IPod em alto, rebaixo ao máximo o encosto da cadeira e me perco olhando pro céu claro, pras tantas estrelas que são possíveis de se ver na nesga de vista que eu tenho da sacada. Uma leve brisa corre pra lá e pra cá e torna tudo muito mais agradável. E então eu viajo e corro pelo labirinto dos meus próprios pensamentos. Não fico filosofando, não fico matutando sobre coisas sérias, simplesmente deixo os meus neurônios livres para vagarem por onde bem entenderem. E tem sido tão bom fazer isso que me dói saber que a fase da lua cheia está quase chegando ao fim, me restam poucos dias pra aproveitar este espetáculo da natureza e relaxar.
**Melhor trilha sonora pra deitar e olhar o céu estrelado de lua cheia: Corner of the Earth – Jamiroquai.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A cor do céu da boca

Adoro títulos de livros, são sempre geniais, criativos e muitas vezes não tem nada a ver com o conteúdo, com a história. Em homenagem a eles resolvi dar esse título nada a ver ao meu post. Porque não pensem vocês que eu vou gastar meus dedos digitando um texto sobre a cor do céu da boca. Nada disso.

Se tem uma coisa que eu não entendo e até postei isso no Twitter esses dias, são casais que namoram, casam, sem amam, transam, fazem filhos e juras de amor eterno e de uma hora pra outra viram inimigos, se ofendem, se xingam, se desrespeitam. Tudo bem que o amor acabe, que o tesão acabe, que os planos acabem, é normal e todo mundo está sujeito à isso. Mas pelo amor Deus, a civilidade, a educação e o respeito, esses não podem jamais acabar. Não to dizendo que um casal que se separa deve virar melhores amigos, só to dizendo que eles devem se tratar com decência e cordialidade. É o mínimo que se espera de duas pessoas adultas e que um dia foram maduras o suficiente pra encararem os desafios de uma vida juntos. Por pior que tenha sido o fim do relacionamento, nada justifica a falta de civilidade e educação.

Uma coisa é certa em 2010: eu VOU TER QUE resolver a minha vida. Sob vários aspectos.

Eu admito publicamente: sou antipática, e daí? Na boa, prefiro ser antipática do que boba alegre. Detesto gente que sorri 24 horas por dia, 365 dias por ano. Um pouco de azedume tempera a vida de vez em quando.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

o que eu faço da vida?

Todas as manhãs sinto inveja daquelas mães que empurram seus carrinhos de bebês com um insuportável ar de felicidade. Não é que eu inveje os bebês, invejo a certeza que aquelas mulheres ostentam. Sabem o que vão fazer da vida nos próximos anos - cuidar dos filhos.

Também sinto uma inveja profunda de uma ou duas amigas que são executivas poderosas, destas que têm 30 ternos no guarda-roupa e uma agenda lotada de compromissos importantes, nos quais têm presença imprescindível. Sabem o que vão fazer da vida até que o plano de aposentadorias lhes sorria.

E, pior, confesso, também invejo os que estão seguros de suas escolhas medíocres, dos seus universos limitados, das suas possibilidades pequenas, porém, decentes. Sabem que não vão sofrer deste mal que estou sofrendo agora - pensar no que fazer da vida, a quem dedicar o sentido das coisas.

Fui educada para entregar minha vida a cuidar de marido, filhos. Só me ensinaram a dedicar minha vida aos outros. E agora que posso dedicar minha vida a mim mesma, não tenho a menor ideia de por onde começar...

Na minha mais profunda insegurança, nos meus medos mais escondidos, o que eu mais temo é não saber que rumo tomar, que escolhas fazer, e, de repente, ser surpreendida pelo tempo passado, pelo pretérito da vida que ficou pra trás, pelas aspirações que não se concretizaram.

Queria ser dessas que sabe o seu tamanho, consegue ser feliz com o que tem, seja lá o que for, e toca a vida pra frente, porque é pra frente que se precisa se viver. Queria ser dessas pessoas que simplesmente conseguem dedicar a vida à alguém sem pensar no assunto.

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Não fui eu que escreivi este texto, mas é exatamente assim que eu sinto e penso atualmente. Pronto, falei.