A banda

A manhã de domingo é algo que eu desconheço, já que costumo dormir até muito tarde nesse dia. Afinal de contas, é o único momento que realmente tenho pra por o sono em dia e descansar. Além do mais, acho um tédio ir pra parque tomar chimarrão, prefiro passar o domingo de pijama em casa mesmo quando tem sol.
Pois bem. Há muitos domingos que sou acordada por volta das 11h pelo som absurdamente alto de uma banda tocando. Mas é banda tipo de colégio, como as que tinham antigamente, sabe? E o ritmo é sempre o mesmo inevitavelmente, vários tambores batendo algo como: TUM – TUM – TUM TUM TUM – TUM – TUM – TUM TUM TUM. Sempre achei que isso fizesse parte dos ensaios do grupo Terreira da Tribo, cuja sede fica na esquina da minha casa e cujos participantes sempre amaldiçoei por causa disso. Mas ontem me enganei e tive que morder a língua. No horário marcado fomos acordados pela batida infernal do TUM – TUM – TUM mais Glória, Glória, Aleuia a todo pau, tocados não só por tambores irritantes como também por cornetas, pianinhos e outros instrumentos musicais. Levantei da cama com o mau humor e a fúria grudados no meu corpo por conta daquele som e fui até a janela pra ver do que se tratava. A banda era conduzida por uma débil mental de legging boca de sino e moleton amarrado na cintura e era composta por algumas crianças e uns caras mais velhos. Contei até um milhão de trás pra frente e de frente pra trás pra não enfiar uma roupa e descer até o meio da rua pra perguntar se eles não tinham um outro lugar mais adequado pra ir batucar Glória, Glória, Aleuia às 11h da manhã de um domingo ou se não preferiam estar em casa transando ou jogando vídeo game ao invés de estarem atrapalhando o descanso de pobres mortais.
Esse domingo eles se livraram da minha ira matinal, mas no próximo não me escapam.