quarta-feira, 8 de abril de 2009

One

Já fiz uma vez um post no meu antigo blog falando sobre a vida das pessoas que moram sozinhas, os famosos “single” na classificação marketeira. Já fiz até um trabalho no pós graduação sobre este público, seus hábitos de consumo e principalmente, suas carências em relação à produtos.
Pois bem, eu sou uma single e enfrento algumas dificuldades na hora de fazer o rancho no supermercado porque simplesmente tudo é vendido em grande quantidade. Apesar de a tendência do mercado e diversas pesquisas apontarem para este norte, poucas foram as empresas que olharam para os singles e fizeram alguma coisa por eles.
Vamos aos exemplos práticos para que a compreensão fique mais clara. Refrigerante: ok, ok, eu sei que hoje existe uma infinidade de tamanhos refrigerantes que vão desde a embalagem de 3,5 litros até 200 ml. Tem latinha, garrafa PET, garrafinha de vidro, garrafão. Pra quem vive só e não consome muito refrigerante, o ideal seria comprar uma das mini garrafinhas de vidro ou uma PET de 600 ml. Pra quem consegue, serve uma latinha. Pois digo pra vocês que é mais barato comprar uma 2 litros e jogar fora metade da garrafa depois que ela mofar na geladeira, do que comprar uma PET de 600ml. Aquelas mini garrafinhas de vidro com a dosagem certa do líquido sagrado são carésimas. Continua saindo mais em conta comprar 2 litros de Coca-Cola, tomar metade e jogar a outra metade fora.
Outro exemplo: requeijão. Nem falo por mim que como todo dia e me dou bem com aquele tradicional copo de 220g, mas tem gente que come vez ou outra e acaba tendo que por fora o produto porque ele mofa.
Mais exemplos: temperinho verde (tinha que ser possível comprar só 2 ou 3 galhinhos), maionese, farinha de trigo (deveriam vender à granel), verduras em geral, alguns enlatados.
Até pouco tempo atrás eu poderia engrossar essa listinha com dois produtos cruciais pra quem mora só: pão e leite. Os pães industrializados não são vendidos em embalagens de menos de 300g e quem mora sozinho mais cedo ou mais tarde vai comer pão velho, bem como tomar leite azedo já que o mínimo vendido era 1 litro. Era porque a Piá, uma indústria de laticínios gaúcha, olhou pros singles e lançou no mercado uma embalagem com meio litro de leite a um preço justo (menos de R$ 1,00). O mesmo aconteceu com o pão industrializado: a Vital, empresa igualmente gaúcha, lançou 3 tipos de pães cujas fatias são bem menores que o comum, ou seja, o consumo é maior e não dá tempo de deixar o produto envelhecer. E o melhor: assim como o meio litro de leite o preço do pão também é honesto.
É inaceitável que num mundo onde muita gente morre de fome tenhamos que desperdiçar comida porque sai mais barato. É inadmissível que a nossa indústria brasileira não seja capaz de fazer a sua parte e produzir itens que se adéqüem à realidade de uma grande parcela da população: os que moram só.

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